JORGE RODRIGUES SIMAO

ADVOCACI NASCUNT, UR JUDICES SIUNT

O Corpo Que Espera: Como Acabar de Vez com a Obesidade e Cultivar Força de Vontade Real

HOJEMACAU - ENTRE HYPERION E A PAZ EXTINTA 2 PARTE - 03.10.2025

I. O peso que não se vê

 

A obesidade não é apenas uma questão de massa corporal. É também um território emocional, uma paisagem de hábitos, uma história escrita no silêncio dos dias. Por trás de cada quilo acumulado há uma narrativa de dor, de protecção e de sobrevivência. E é por isso que acabar com a obesidade não se resume a perder peso. É preciso perder medo, perder desculpas e perder o apego ao que já não serve.

 

O corpo guarda tudo. Guarda o que comemos, mas também o que sentimos. Guarda os excessos, mas também as ausências. E quando o corpo começa a gritar com fadiga, dor e vergonha é sinal de que algo precisa mudar. Não por estética, mas por dignidade.

 

II. A mentira da motivação

 

Esperar por motivação é como esperar que o mar fique calmo para aprender a nadar. A força de vontade não nasce de um vídeo inspirador, nem de uma frase feita. Ela nasce da decisão crua, solitária e radical de mudar. E essa decisão não é bonita  pois é difícil, desconfortável e exigente.

 

A motivação é instável. Vem e vai. O que sustenta a mudança é o compromisso. É acordar e fazer, mesmo sem vontade. É repetir, mesmo sem resultado imediato. É confiar, mesmo sem garantias. A força de vontade não é um dom mas sim um músculo. E como todo o músculo, precisa de ser treinado.

 

III. O corpo como território de reconquista

 

Acabar com a obesidade é reconquistar o corpo. Não como campo de batalha, mas como casa. É deixar de tratar o corpo como inimigo e começar a tratá-lo como aliado. É ouvir os sinais, respeitar os limites e celebrar as conquistas.

 

Essa reconquista exige escolhas. Alimentação consciente, movimento regular e sono reparador. Mas exige também escuta emocional, revisão de crenças e reconstrução de identidade. O corpo não muda sozinho, muda com a mente, com o afecto e com a coragem.

 

IV. A fome que não é de comida

 

Muitas vezes, o que comemos não é para nutrir mas para calar. Calar a ansiedade, o tédio e a solidão. A fome emocional é real, e precisa de ser reconhecida. Comer por impulso, por hábito e por consolo é sintoma não falha moral.

 

Acabar com a obesidade exige aprender a distinguir a fome física da fome simbólica. E para isso, é preciso criar novos recursos como escrever, caminhar, conversar e, respirar. É preciso substituir o automatismo pela consciência. E isso não se faz de um dia para o outro mas faz-se de escolha em escolha.

 

V. O fracasso como parte do caminho

 

Não há mudança sem tropeço. Haverá recaídas, haverá dias difíceis e haverá momentos de dúvida. Mas o fracasso não é fim mas parte do processo. Cada deslize é oportunidade de aprender, de ajustar e de fortalecer.

 

A força de vontade não se mede pela perfeição  mas pela persistência. É continuar, mesmo depois de falhar. É recomeçar, mesmo depois de desistir. É lembrar que o caminho não exige heroísmo mas exige constância.

 

VI. A rotina como revolução silenciosa

 

Mudança não acontece em momentos épicos mas sim na repetição. A rotina é onde a transformação se consolida. Pequenas escolhas diárias, aparentemente banais, são as que moldam o corpo e a mente. O café sem açúcar, o passeio ao fim da tarde, o copo de água antes da refeição  são gestos que, somados, constroem uma nova identidade.

 

Revolucionar a rotina não exige heroísmo. Exige intenção. É preciso desenhar o dia com consciência, criar rituais que sustentem a mudança e eliminar gatilhos que sabotam o progresso. A força de vontade floresce quando o ambiente favorece e começa na rotina.

 

VII. O ambiente como aliado invisível

 

Não se muda sozinho. O espaço onde se vive, as pessoas com quem se convive e os objectos que nos rodeiam tudo influencia. Um frigorífico cheio de tentações, uma casa sem espaço para movimento e uma rede social que glorifica o excesso são obstáculos silenciosos.

 

Transformar o ambiente é parte da cura. É limpar a despensa, reorganizar o quarto, escolher melhor os estímulos digitais. É cercar-se de apoio, de inspiração e de exemplos reais. A força de vontade não é apenas interna mas também externa. E o ambiente pode ser aliado ou sabotador.

 

VIII. A identidade como motor profundo

 

Não basta mudar hábitos pois é preciso mudar a narrativa. Enquanto alguém se vê como “a pessoa que não consegue”, “a que sempre desiste”, “a que tem o metabolismo lento”, a mudança será superficial. A identidade molda o comportamento. E para mudar de vida, é preciso mudar de história.

 

A nova identidade começa com afirmações simples como “Sou alguém que cuida de si”, “Sou disciplinado” e “Sou capaz”. No início, parecem mentira. Mas com repetição, tornam-se verdade. O corpo segue a mente e a mente segue a história que escolhe contar.

 

IX. O prazer como ferramenta de transformação

 

Mudar não precisa ser sofrimento. O prazer é ferramenta poderosa. Comer bem pode ser delicioso. Mexer o corpo pode ser libertador. Dormir cedo pode ser reconfortante. O segredo está em descobrir formas de prazer que sustentem a saúde e não a sabotem.

 

A força de vontade cresce quando há recompensa. E a recompensa não precisa ser açúcar ou sedentarismo. Pode ser energia, auto-estima e leveza. O prazer não é inimigo da disciplina mas  é combustível. Basta saber escolhê-lo com sabedoria.

 

X. A celebração como reforço

 

Cada conquista merece ser celebrada. Não com comida mas com reconhecimento. O dia em que se resistiu à tentação, o treino que foi feito mesmo com preguiça e o quilo que se foi são vitórias. E cada vitória reforça a identidade, alimenta a motivação e fortalece o compromisso.

 

Celebrar é dar valor ao esforço. É dizer ao corpo e à mente que “Estamos no caminho certo.” A força de vontade não se sustenta apenas com metas mas com marcos. E cada marco merece festa.

 

XI. A decisão como ponto de viragem

 

Tudo começa com uma escolha. Não uma escolha teórica, mas uma decisão íntima, concreta e inegociável. Acabar com a obesidade não é um projecto estético mas um compromisso com a vida. É dizer “basta” ao cansaço, à vergonha e à espera. É assumir o protagonismo da própria história.

 

Essa decisão não precisa de aplausos. Precisa de acção. Precisa de um primeiro passo, mesmo tímido. Precisa de um gesto que diga  “Hoje começa.” E esse começo, por mais pequeno que pareça, já é revolução.

 

XII. A jornada como processo de cura

 

A perda de peso é consequência. O verdadeiro ganho está na reconexão com o corpo, na recuperação da auto-estima e na reconstrução da autonomia. Cada dia de mudança é um dia de cura física, emocional e simbólica. É um dia em que se deixa de sobreviver e se começa a viver.

 

Essa jornada não é linear. Terá curvas, pausas e desvios. Mas cada passo é válido. Cada esforço é digno. Cada recomeço é sinal de força. A cura não está no destino mas no caminho.

 

XIII. A comunidade como espelho e suporte

 

Ninguém muda sozinho. A força de vontade cresce quando é partilhada, quando é espelhada e quando é acolhida. Encontrar pessoas que vivem o mesmo desafio, que compreendem sem julgar e que apoiam sem invadir é essencial. A comunidade não é apenas companhia mas combustível.

 

Partilhar vitórias, confessar recaídas e celebrar conquistas tudo isso fortalece. A mudança torna-se mais leve quando é colectiva. E a força de vontade torna-se mais potente quando é sustentada por vínculos reais.

XIV. A leveza como horizonte

 

O corpo leve não é apenas o que pesa menos é o que respira melhor, move-se com mais liberdade e vive com mais prazer. A leveza é física, mas também emocional. É deixar para trás o excesso de comida, de culpa e de silêncio. É viver com mais espaço, mais ar e mais presença.

 

Acabar com a obesidade é abrir caminho para essa leveza. Não como ideal inatingível, mas como prática possível. É reencontrar o corpo como lugar de potência e não de punição.

 

XV. Conclusão: viver com intenção

 

No fim, tudo se resume a viver com intenção. Escolher com consciência, agir com coragem e persistir com afecto. A força de vontade não é mágica pois é construção. E essa construção começa agora, com o que há, com quem se é e com o que se deseja.

 

Acabar com a obesidade é mais do que emagrecer é libertar-se. É deixar de esperar pelo momento certo e fazer do agora o momento possível. É transformar o corpo num território de dignidade, de beleza, de verdade. Porque o corpo não é inimigo é casa. E toda casa merece cuidado, respeito e amor.

 

 

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